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Por que escrever e o que se pode ou não ser

Por que não escrever? Se não pude pagar o cinema ontem, se não pude comer sorvete depois do jantar? Papel e caneta é barato e não engorda. Se meu corpo é falho, confuso. Escreve e esqueço de algumas dores, ganho outras, é verdade, mas por que não? Já não me reconheço sem elas.
Tem o amor que se foi e só se sente quando observo uma vaga vaga na garagem. tem as contas, as neuras, a angústia do não saber e aquele riso sem graça que dou com o canto da boca, por que não?
E me pego sozinha, como não poderia deixar de ser, têmpora latejando porque algo deseja sair e não cabe no crânio, caixa dura e instransponível. Por que não? Algo me falta, tudo sobra. E eu só vim aqui para isso mesmo.
E tem aquela que jamais serei, poderia escrevê-la, sê-la, mesmo que de mentiriha. Não, não posso. Qando pego a caneta essas outras questões pulam. Deve ser esse compromisso tácito e maldito que firmei com a verdade, quando esqueci por um momento que palavras também mentem, como eles. Sinto tanta saudade dessa mulher que "não dá" para escrever. Por que não posso escrever a outra? Essa mesmo, a que escreve.

Posso sim, talvez seja a única coisa que me caiba, por isso Deus me mandou para cá, devo ser até o final essa mesma pessoa, com essa cicatriz externa exagerada mesmo que seja pleonasmo (hoje você nem queria tanto e está aqui)

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