Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2014

Sobre saudade e vômito

Virose é que nem saudade. Você não vê. E te fode. O corpo estava todo dolorido, não dolorido deixa eu pegar uma xícara de chá e assistir The Big Bang Theory, dolorido deixa eu dar um chute no teu rabo. O telefone que eu quebrei quando algo quebrou aqui dentro (seriam as algemas de pelúcia?), não pode mais me distrair. Lembro dos olhos de jabuticaba dela e do cheirinho dela. Da voz, da língua grande que já foi presa, lembro de todos os nossos segredinhos. O estômago dá um duplo twist carpado. Lá vem. E suja a roupa, o lençol, o chão. Alguém limpa meus sapatos e eu fico profundamente agradecida por isso. Eu podia trepar contigo agora, sabia? Se eu não fosse vo... mais uma vez. Durante é muito ruim, será que cheirar é assim? Mas depois até que vem uma onda legal. Como se as coisas fossem dar certo. Inevitável não lembrar dela. Dos mil beijinhos, dos braços magros. "Você agora usa soutien, é?". A gente ficou deitada. Todo o meu amor não me completa, eu preciso de você també

Juliana

Na primeira vez ela estava em pé em cima da cama. Alheia aos fios que a cercavam ou a "acercavam", vai saber. Ela chamava quem passasse na sua frente. Me assustei com aquele jeitão, parecia que me conhecia. Ela me ultrapassava, como se soubesse o que eu iria dizer. Virava as páginas antes que eu terminasse de ler, devorava as figuras com os olhos. "É que eu não tenho muito tempo". Eu não sabia. Juliana tinha os dois olhos pretinhos pretinhos. Dificilmente ria. Sempre dava ordens, queria saber tudo, tudo o que podia saber dali, daquele pedacinho, que ela dominava como ninguém. As respostas eram sempre diretas e curtas. Gosta disso? Não. Gosta daquilo? Não. Acha o Tiago bonito? Não. Quer ser minha mamãe? Como? Vai fazer mamá pra mim? Mas eu não sei fazer! Quando os nossos livros acabavam, antes mesmo da última página ela pedia "outro", mais para não perder a companhia do que pela leitura, é que ela não tem tempo, ela não sabe mas sente. Eu ali já sabia

Baby, I'm so alone. Vamos pra Babylon.

Eu tinha o que, uns dezesseis anos. Aí eu escutava uma música e achava que o mundo estava se mostrando para mim. Desezzeis anos e começando a entender o mundo. Tocando duas punhetas por dia, ouvindo Beatles, achando que rock brasil anos 80 era uma grande merda e que elas... as meninas... um mistério. Ela sabia que mexia comigo. Ela sabe que hoje, trintão de barba por fazer. ainda mexe. Com dezesseis ela pediu: Vamos fugir? Eu não quis. Porque tinha leite na geladeira e o meu cachorro só comia quando eu botava e nossa, tinha tanta menina e eu ainda estava com paciência para caralho! Eu podia sei lá, contar as folhas de grama do maracanã e ia sobrar energia. Aí o Botafogo foi piorando, as coisas na minha cabeça começaram a machucar de dentro pra fora. Ganhar dinheiro não tem sido suficiente. As meninas passaram a achar minha literatura boba. O cinema não encanta e envelhecer é quase emburrecer. Vamos fugir. Vou fugir. Vamos fugir. Ela poderia ainda queria. Vamos? Misturar tempos?

sobre a dor

É amarelinha. Porque amarelo é a cor da inflamação, do pus? Pode ser. Não sei. Mas a minha é amarela. São pontos amarelos invisíveis que ora estão pequenos, ora estão grandes. E doem. E reverberam a sua volta. Quase falam: "Menina, você andou sendo tão ruim ultimamente". E eu pergunto: -E o Osama Bin Laden, e o George Bush, e aqueles caras que estupram covarde-coletivamente na Índia? Por que vocês não vão atrás deles? E eles respondem: - Porque você é fácil demais, boba demais, sensível e sonhadora. Porque você treme só de pensar na gente. Porque a sua barriga que não dobra quando você senta é linda. Aí eu olho para os braços, eles, que já foram a solução a curto prazo mas a longo prazo não funcionam, poderiam sangrar rapidinho. Toda menina sabe que para fazer parar de doer de um lado só doendo mais fundo do outro. Toda menina. Mulher "guenta". É maré. Vai e vem. As ressacas me fodem por muitos dias. (E o Tiago não gosta quando fala palavrão... alguém diz