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Mostrando postagens de outubro, 2010

Bem que eu gostaria de

Não ter dor de dente, conhecer o oriente, me importar menos com gente. Gostaria de saber voar, não ter contas pra pagar. Ser mais alta, bonita e magra. Bem que eu gostaria de ter um leão no quintal, ser menos normal. Saber dançar como a Beyonce, ter a voz da Amy e a pouca vergonha da Lady Gaga. Ah, mas eu gostaria de ser menos humana e mais ciência exata. Leve, solta, rir de desgraça, rir de filme bobo, cult-pseudo-intelectual, rir de nada. Gostaria de morar perto do mar, ter uma criança pra olhar, um amor, melhor quatro amores, um para cada estação do ano. Bem que eu queria ser menos instinto e mais razão, mais sóbria e menos louca, menos íntima e mais éxtima. Ah, eu gostaria mesmo de ter uma mansão, um carro de um milhão, viajar no verão e viver de pensão. Bem que eu gostaria de saber rimar como Fernando Pessoa, ter uma roupa diferente para cada humor, chorar todas as noites e continuar a mesma.

A faxineira

     Naquele tempo tinha 23 anos e dividia meu tempo entre a redação do jornal, a Lourdinha e a nossa quitinete. Alugada ali na praia do Flamengo e com vista para a janela de Dona Edméia que morava em um prédio caindo aos pedaços que nos ladeava. A vista não incomodava, sentíamos a brisa que vinha da praia e naquela época era maresia fresca, não nos deixava esquecer a proximidade do mar e aquele clima zona sul que nos tomava sempre que chegávamos a janela. Dona Edméia não gostava e tratava de pegar a toalha de mesa e sacudir com força, a gente entendia e voltava para a nossa gaiola.      Conheci Lurdinha no colégio e foi amor à primeira vista. No primeiro dia do terceiro ano, colégio novo para ela e novidade para todos os rapazes, notei que ela usava uma meia branca e a outra bege clara. Pensei que só alguém que não ligasse em mudar de colégio e ares poderia errar na escolha da meia assim. Fitei-a enquanto comia um biscoito sozinha no canto do pátio e ela retribuiu. A partir dali ficam