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Mostrando postagens de abril, 2011

Ele, a mãe e o pai

E ele tinha dez anos e os cabelos lisos e bem aparados na testa, um cachorro com os pêlos em nós e somente uma muda do uniforme da escola. Dormia apertado no berço velho que o pai arrancara as laterais depois que o menino começou a bater nelas já grande para o espaço de bebê. Dez anos e um dente molar que caiu e estava demorando a crescer. Uma casa em que as louças estavam sempre limpas, havia cheiro de café todas as manhãs, não faltava cerveja e futebol no domingo e nem novela a noite. Juninho sabia, embora fosse novo demais para entender muitas coisas que havia alguma coisa diferente com as segundas de manhã. Quando, a mãe aparava as unhas dos pés bem rentes e usava umas folhas plásticas para depilação que enchiam o cesto de lixo. Era o único dia da semana que ela usava um perfume importado de cheiro doce/ nauseante e que se demorava no banheiro antes de levá-lo a escola O que ele não sabia direito é o que é essa instituição que chamam família, do que ela é c

o fardo do sensível e dicas para chorar

Você já desmaiou? Eu já. Desmaio por anemia, por hipoglicemia, por dor de barriga, por medo, por acordar cedo! É para perder os sentidos, é comigo mesmo! Pode até ser sinal de fraqueza (ou magreza), deve ser, por um lado. Mas eu também já fiz uma infinidade de coisas com calma (às vezes só aparente), que tem muita gente que não suporta. Já atirei uma pedra bem pesada no rosto de um cara que não valia nada, coloquei piercings em lugares doloridíssimos, ouvi e guardei os segredos mais absurdos que alguém poderia saber. Vi uma amiga ser atropelada por um ônibus enquanto resistia a um colapso sentindo o sangue todo fugindo para não sei onde. Fugi de um hospital seminua, cena de cinema que me rendeu uma boa história e, o mais dolorido, vi o corpo do meu avô, depois da passagem, sendo colocado no caixão. E você deve estar se (me) perguntando : Tá e aí? Aí nada. Não tô pedindo para você ler isso aqui, só tenho pensado sobre esse negócio que chamam sensibilidade. Por quê tem gente que sente ta

Encontro marcado

Acorda. Como, se não conseguiu dormir? Senta e esfrega os olhos, boca seca e coração batendo. Ele sempre bate, mas hoje cada batida é um suspiro. Rememorou as palavras dela: 'Saudade, me pega ali nas barcas às 18 horas.' Péssimo horário, ainda mais se tratando de uma terça-feira. Mas não podia adiar mais um minuto nem dia, pensava nela todos os dias, desde o que ele chamava de 'A Grande Briga'. Quem disse que amor não dói é porque nunca amou Maria Luísa. Acorda. Mais cinco minutos. Acorda agora? Não, mais 10 minutos, por favor. Que dificuldade acordar, enfrentar esse sol que não sei por que insiste em entrar ali no quartinho. Tanto lugar praqueles raios se esticarem, quanta praia aí pelo Rio de Janeiro, por que aqui e agora? Enquanto se arrasta até o banheiro, lembra que hoje tem algo diferente a fazer. Ah, sim, um encontro. Com Ele. Esperou tanto por esse dia que cansou de esperar. Relembra que chorava toda noite depois do que ela chama de 'Pior dia da minha v