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Estômago!

Nascera com um defeito congênito. Só que nenhum médico percebera até porque era defeito que exame físico não revelava. E o bebê gordinho foi crescendo assim, meio trocado. Quando sentia fome abria o berreiro e mamava até os seios da mãe murcharem. Depois dormia. Chorava quando sentia dor também, quem nasce desse jeito sente dor muito cedo e o neném vivia apavorado com as terríveis cólicas. Massagem e remedinho funcionavam e ele caía no sono de novo.


O baby virou menina. E era daquele jeito. Comia quando sentia fome, e sempre sentia fome. Dormia quando estava com sono e poderia estar no sofá de casa ou no meio de um jogo de futebol no maracanã. Se estava triste escrevia. Se sentia saudade fechava os olhos e rememorava momentos bons com quem lhe faltava.


Um dia ela se apaixonou. Quem nasce com o estômago comandando o corpo, se apaixona com ele. E era o estômago que ficava gelado quando ia encontrar o amado, o estômago que pulsava nervoso quando ele demonstrava qualquer desinteresse e foi o estômago que doeu quando ele foi embora. 

Um dia ele voltou, porque amores sempre voltam. O estômago reagiu meio enojado embora faminto. Deixou ele se chegar e ficou digerindo aqueles anos todos. Aí eles se encontraram. E se beijaram. E se amaram.

Aí o estômago contraiu, vomitou e ficou rosa e limpo e virou só um estômago.

Ela estava curada !

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