Eu sabia. E ninguém mais sabia. Dia e hora. E porque se sabe, ah, isso eu nunca soube. Tem coisa que é assim, aparece do nada igual notícia boa. Acordei e veio. Como quem vai se acostumando com a luz depois de muito tempo no escuro. Pupilas retraídas e claro. Não posso negar, sim, passou da hora, mas é aquele tipo de coisa que parece que nunca vai. Foi. Então é isso mesmo? A saudade rasgando. Na boca, no peito, na boca do estômago. Rasga de deixar fiapo. Eu senti, doeu. Sentei, escrevi. Você não veio na sexta. Era só mais uma sexta e eu ainda lembrava aquelas outras que a gente chegava a casa e se jogava na cama, meio sem jeito até se ajeitar. O quartinho, ele virava mais um e éramos três quando estávamos lá, configurava tempo-espaço de outra forma. Às vezes se apertava até a gente entrar um no outro, por outras se dilatava e eu te perdia de vista. Tinha os dias que o tempo não passava, a gente nem sentia f...
Lírica Lesa Louca (e muito bonitinha)